Festas e solidão no final do ano
- Flavia Tavares Palermo

- 22 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
O final do ano, marcado pelas festividades de Natal e Ano Novo, carrega consigo uma atmosfera de celebração, reunião familiar e renovadas esperanças para o futuro. No entanto, para muitas pessoas, esse período também pode trazer à tona sentimentos de solidão, tristeza e melancolia. É nesse contexto que a psicanálise surge como uma ferramenta valiosa para compreender e lidar com essas emoções.
A solidão no final do ano pode ter várias origens. Algumas pessoas enfrentam a ausência de entes queridos, seja pela distância física, pela perda ou por relações rompidas. Outras podem sentir um vazio interno diante da pressão social de corresponder à ideia de “felicidade obrigatória” que permeia esse período. A comparação com as vidas aparentemente perfeitas de outros, amplificada pelas redes sociais, também contribui para agravar a sensação de isolamento e inadequação.
Do ponto de vista psicanalítico, esses sentimentos podem ser compreendidos como manifestações de conflitos internos, muitas vezes inconscientes. O final do ano é um momento de balanço, no qual as pessoas tendem a revisitar experiências passadas, sucessos, fracassos e lacunas emocionais. Esse processo pode desencadear lembranças dolorosas, desejos não realizados e angústias relacionadas ao tempo que passa.
Na escuta psicanalítica, o analista ajuda o indivíduo a explorar as origens desses sentimentos, promovendo uma maior compreensão de si mesmo. A solidão, por exemplo, pode ser entendida não apenas como a ausência de conexões externas, mas também como uma desconexão interna com seus desejos, necessidades e história de vida.
A psicanálise também oferece um espaço seguro para que o indivíduo possa elaborar suas dores, sem julgamento ou pressão para se sentir de determinada maneira. Esse acolhimento é essencial para que sentimentos reprimidos possam emergir e ser trabalhados, aliviando o sofrimento psíquico.
Além disso, o processo psicanalítico auxilia no desenvolvimento de uma relação mais saudável com o passado e com as próprias expectativas. Reconhecer e aceitar as imperfeições da vida é um passo importante para superar a idealização de um “final de ano perfeito”. Isso permite que o indivíduo construa novas narrativas e encontre significado em experiências que, inicialmente, poderiam parecer dolorosas ou vazias.
Portanto, para aqueles que enfrentam a solidão e os desafios emocionais no final do ano, a psicanálise oferece um caminho de autodescoberta e alívio. Ao entender e transformar os sentimentos que emergem nessa época, é possível não apenas enfrentar o período com mais serenidade, mas também iniciar o novo ano com maior equilíbrio emocional e esperança renovada.
Referências Bibliográficas
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